Brasilia: Um carro roubado a cada 51 minutos

Brasilienses pedem Segurança...

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As avenidas largas, as tesourinhas do Plano Piloto e os cruzamentos sem semáforos fizeram Brasília ser conhecida nacionalmente pelas facilidades no trânsito. A simplicidade das vias também incentivou mais da metade da população a ter um carro próprio. Algumas décadas após a inauguração, no entanto, a hoje capital do milhão de veículos atrai um problema, além dos acidentes e dos congestionamentos diários: a ação de quadrilhas especializadas em furto e roubo de automóveis, motos, ônibus, microônibus e caminhões.

Tanto os ataques à mão armada quanto os sem ameaça crescem a cada ano no Distrito Federal. Levantamento da Secretaria de Segurança Pública do DF revelou aumentos na comparação dos 10 primeiros meses de 2007 em relação ao mesmo período de 2008 (veja arte). Houve 1.321 roubos entre janeiro e outubro do ano passado e 1.685 neste ano — variação de 27,5%. Já os furtos subiram de 6.691 ocorrências para 6.822 (1%). O total é de 8.507 casos até outubro de 2008. Ou seja, um motorista fica sem o veículo a cada 51 minutos no DF. Mas cerca de 60% são recuperados pela polícia todos os meses.

O titular da Delegacia de Repressão a Furto e Roubo de Veículos (DRFV), delegado Moisés Martins, acredita que o crescimento das estatísticas se deve à grande circulação de motocicletas na capital do país. Dados do Sindicato dos Motociclistas do Distrito Federal (Sindmotos-DF) revelam que as concessionárias vendem 25 motos por dia em Brasília. São 104 mil no total. “Esse aumento as deixou visadas demais. Os bandidos as levam para desmonte ou para auxiliá-los em outra prática criminosa. Há gente especializada atuando nisso”, afirmou Martins.

O motoboy Carlos Eduardo, 23 anos, perdeu o instrumento de trabalho em julho deste ano. Largou a motocicleta em um estacionamento de shopping do Setor Comercial Norte por apenas 20 minutos, entre 14h20 e 14h40. Foi o suficiente para o ladrão fazer uma ligação direta na ignição e fugir sem ninguém ver. “Havia várias motos nos mesmo lugar, mas ele deve ter levado a minha porque não tinha tranca nem alarme. Pior é que também não tinha seguro”, lamentou o motoqueiro, funcionário de uma empresa de entrega.

Carlos Eduardo ficou uma semana sem ganhar dinheiro por causa do assalto. Viu-se obrigado a comprar outra moto. Tem agora dois financiamentos para quitar. O da motocicleta furtada custa R$ 500 por mês. Falta honrar cinco prestações por um bem que talvez nunca mais seja recuperado pela polícia. A nova teve de ser comprada em 36 vezes, com pagamentos de R$ 238. Desta vez, porém, o motoboy investiu em alarme e tranca especial. “Isso não pode acontecer de novo. Tenho uma família para sustentar”, disse.

O presidente do Sindmotos-DF, Reivaldo Alves, tem recebido reclamações semanais da categoria sobre furtos e roubos de motocicletas. Além de orientar os motoqueiros a deixarem as motos em locais bem-iluminados e perto dos vigilantes dos prédios, os incentiva a usar equipamentos que dificultem a ação dos bandidos. “O motociclista de Brasília não tem esse hábito. Mas é melhor gastar dinheiro em equipamentos de segurança do que perder o veículo que dependem para trabalhar”, alertou. Alves também pede que as vítimas façam ocorrências nas delegacias.



Texto de Guilherme Goulart, Brasília, 24 de Novembro de 2008

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